sábado, 7 de janeiro de 2012

O MEU CORAÇÃO

                                         Sobrevoando Mont Blanc 08/2008      

O MEU CORAÇÃO
Celso de Lanteuil
Porto-Lisboa-São Tomé e volta
07/11/2011

Tenho feito coisas que o meu coração aguenta
Tomado decisões que ele entende
Ido a lugares que ele aceita

Tenho visto a vida a jato e ele acelera junto
Sido levado pelas correntes de vento
E o meu coração me deixa seguir

Acariciado os campos sem tocá-los
Meu coração não se queixa
Dormido mal. Ele não reclama

Tenho visto paisagens muito rapidamente
Ele compreende. Conhecido outros rostos de passagem
Ficado em baixo de asas e ele me acompanha

Tenho a sorte de ser respeitado
De esquecer as feições dos meus inimigos
E o meu coração me abençoa

Tenho sentido dores que já não consigo lembrar
E o meu coração me agradece
Quando seria eu a lhe agradecer

Tenho visto os meus cabelos ficarem brancos
O meu rosto envelhecer
E o meu coração comenta que é assim mesmo

Tenho sonhado com a liberdade, com o desarmamento
E o investimento no conhecimento, nas artes
Nos sorrisos... e ele me fala que eu não posso parar

Tenho tentado compreender
E o meu coração sussurra leva tempo
Tenho tido pressa em aprender. Ele me encoraja

Tenho visto o céu escurecer
Relâmpagos a contornar o meu cockpit
Ventos intensos me impedir de pousar

E o meu coração, melódico, no compasso
Me aponta o horizonte e diz
Vai passar



5 comentários:

  1. Celso,
    Lindo, lindo, lindo poema! Êta coração bom! Só podia ser seu!
    As imagens que você suscita são tão belas que nem precisa ser piloto pra bem sentir (e tomar pra si) suas emoções.
    Rachel

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  2. Oi Rachel,
    lá vem você mais uma vez me dando essa baita força! Acho que chega um momento da vida que as nossas emoções não mais nos pertencem e uma vez libertadas em versos, sorrisos ou conversa de amigos, voam sem rumo certo para encontrar abrigo em coração amigo.
    Celso.

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  3. Lindo! De uma sensibilidade ímpar...é um daqueles textos para se ter na mesa de cabeceira e ler todo dia!Beijão

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  4. fatimadelanteuil@gmail.com21 de dezembro de 2018 às 00:27

    Lindo texto, cunhado! Sua sensibilidade é o seu ponto forte... Parabéns!

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