domingo, 11 de março de 2012

PARIS

CLAVICORDE o precursor do piano
peça provavelmente do Século XVI
mesmo período em que o Brasil era descoberto pelos portugueses
Cité de la Musique, Paris

PARIS
Celso de Lanteuil
Paris, Place Des Vosges
18 de Fevereiro de 2012
 
Quero beber sua tradição
Comer seu coração
Tocar suas vielas e calçadas seculares

Sentir a força da sua história
Sentar nas mesas dos seus cafés
Observar pessoas

Do cotidiano, respirar seu ar
O perfume dos jardins
Imaginar seu passado

Experimentar o agora
Saber da sua gente, gostos e prazeres
Compreender o que és e para onde pretende caminhar

Quero entender por que choras quando deveria sorrir
Por que celebras na hora que deveria calar
Ver através dos seus pintores a arte do outro olhar

Descobrir que o prazer
Pode estar no calor de uma baguete
No aroma de um café

No sorriso de um casal
Na poesia que liberta
E nos instiga a agarrar o céu

Exposição de alguns dos seus mais de mil instrumentos
Cité de la Musique, Paris

IGUAIS

Morador de Antananarivo usa da criatividade
para proteger o telhado de um possível ciclone
IGUAIS
Celso de Lanteuil
Antananarivo, 11 de Março de 2012

Sou igual a você
Nem pior nem melhor
Pode ser que faça gols
E ganhe milhões
Dez, cem, milhares de vezes mais

Que saiba astronomia, física quântica, química
Entenda como poucos da alma dos homens
Consiga escalar o Evereste
Só, atravessar o mar
Fazer mágicas, ser comediante, professor...

Sou igual a você, sabendo quatro idiomas
Fazendo um belo salto triplo
Ganhando uma medalha olímpica por isso
Pousando um Boeing 767-300 em Antananarivo
Sendo Maestro, Cirurgião ou escultor

Sou igual a você
Tanto pelo que sei, quanto pelo que não sei
Pelo que posso desejar
Por aquilo que não consigo realizar
Pela alma, credo e cor, pelo que tenho comigo de amor

Igual em muitas outras coisas
Apesar daquilo que só eu é que sei
Pela vontade de ser feliz, de buscar um sentido, uma luz
Por desejar aprender sobre a vida
E querer cuidar bem do que é meu

Igual pelas diferenças
Por não fazer pão
Plantar milho, arroz ou feijão
Construir uma cadeira
Fazer uma pipa, girar um pião

Sou igual por tantas semelhanças
Ausência de compaixão
Extrema vaidade ou ambição
Egoísmo, inveja e gula
Indiferença com a dor de um irmão

Sou igual a você, mesmo sendo único
Crescendo, lutando, ganhando ou perdendo
Tendo tudo, ou nada
Pois não há mesmo diferença
Na hora que a vida inventa que é tempo de seguir com o vento