domingo, 11 de março de 2012

IGUAIS

Morador de Antananarivo usa da criatividade
para proteger o telhado de um possível ciclone
IGUAIS
Celso de Lanteuil
Antananarivo, 11 de Março de 2012

Sou igual a você
Nem pior nem melhor
Pode ser que faça gols
E ganhe milhões
Dez, cem, milhares de vezes mais

Que saiba astronomia, física quântica, química
Entenda como poucos da alma dos homens
Consiga escalar o Evereste
Só, atravessar o mar
Fazer mágicas, ser comediante, professor...

Sou igual a você, sabendo quatro idiomas
Fazendo um belo salto triplo
Ganhando uma medalha olímpica por isso
Pousando um Boeing 767-300 em Antananarivo
Sendo Maestro, Cirurgião ou escultor

Sou igual a você
Tanto pelo que sei, quanto pelo que não sei
Pelo que posso desejar
Por aquilo que não consigo realizar
Pela alma, credo e cor, pelo que tenho comigo de amor

Igual em muitas outras coisas
Apesar daquilo que só eu é que sei
Pela vontade de ser feliz, de buscar um sentido, uma luz
Por desejar aprender sobre a vida
E querer cuidar bem do que é meu

Igual pelas diferenças
Por não fazer pão
Plantar milho, arroz ou feijão
Construir uma cadeira
Fazer uma pipa, girar um pião

Sou igual por tantas semelhanças
Ausência de compaixão
Extrema vaidade ou ambição
Egoísmo, inveja e gula
Indiferença com a dor de um irmão

Sou igual a você, mesmo sendo único
Crescendo, lutando, ganhando ou perdendo
Tendo tudo, ou nada
Pois não há mesmo diferença
Na hora que a vida inventa que é tempo de seguir com o vento

2 comentários:

  1. Celso,

    Não somos parecidos no q sabemos, somos parecidos no q não depende do saber fazer. Seja na angústia e no desejo de saber mais, seja na vaidade pelo que já aprendemos e na esperança ou certeza de existirem outros caminhos (eus) onde seremos mais felizes.

    A procura por esses outros caminhos vai mais longe e mais alto conforme a ambição e o destemor.

    Mais longe em Antananarivo, mais alto no Evereste.

    Parabéns pelo belo poema cheio de conteúdo e sinceridade.

    Bjs,

    Deborah Geller

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    Respostas
    1. Oi Deborah,

      obrigado por visitar o blog e pelas belas e sinceras palavras, pela intensidade da sua compaixão pelo que somos ou não podemos ser.

      Essas nossas semelhanças e diferenças muitas vezes nos passam desapercebidas. Com os nossos preconceitos e cultura, estabelecemos quem são os melhores, os civilizados e não.

      Ainda muito nos falta para compreender em que nós podemos ser iguais e onde devemos ser diferentes.

      Volte mais vezes,
      Bjs
      Celso

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