quarta-feira, 23 de maio de 2012

VOZ

Repouso após uma longa jornada
de Antananarivo, com pouso em Marseille e Paris 

VOZ
Celso de Lanteuil
Mais uma Feira do Livro em Lisboa
Marquês de Pombal Maio 2012

Nasci para muitas coisas
Para tolices, besteiras
Brigas bobas, verdadeiras babaquices

Nasci para perceber lá no fundo
Nos olhares, nos detalhes
Nos traços, atos, nas dores e temores

Nasci para a indiferença
E a lucidez
Para a superfície e as profundezas

Sigo entre o superficial e o denso
Fico apertado neste ser e não ser
Neste rosto que não consegue tornar-se somente um

De um lado o desejo de viver livre, autêntico
Comprometido com a vida e as pessoas
Do outro lado a vontade de deixar a vida seguir

Aceitar os outros
Colocar os pés na areia
Tocar uma canção para um estranho que queira me ouvir

Rasgar o paletó que sou obrigado a vestir
Queimar minhas gravatas
Destruir a formalidade que me persegue por razão de profissão e formação

Nasci para aprender e ignorar
Mas nada do que faço ou sonhe
Consegue subsistir sem este um e outro

Sou a voz que grita e luta, a outra que cala e fraqueja
Sou este que quer rir e não consegue
E aquele que escuta o filho adoslescente dizer “Pai, você é uma criança”

Azulejos portugueses de personagens das histórias em quadrinhos
Painel localizado na região do Pavilhão Atlântico, Lisboa

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