quinta-feira, 16 de agosto de 2012

INESPERADO BOM

Locais secam suas roupas a beira mar
Cidade Velha, Ilha da Praia, Cabo Verde, Maio de 2012

INESPERADO BOM
Celso de Lanteuil
11/12/2002

Brisa boa
Sol da manhã
Marola calma
Água fresca
Areia pra pisar descalço

A pele aquece devagarinho
Queima bem suave
Inesperada suavidade
Fica me lembrando sem se fazer perceber
Aquilo que eu já havia esquecido ter

Eu de paletó e gravata recordo
A impropriedade da roupa questiona
Onde estão os meus sonhos?
Para que tamanha sobriedade?
Por que tanta formalidade?

Faz-me falta a imaturidade juvenil
Aquele desejo de arriscar
E brincar
Quando foi mesmo que deixei escapar?
Quantas mudanças sem perceber!

Tenho vontade de tirar o paletó
Arrancar a gravata, ficar de cueca
Sem sapatos e meias
Jogar o relógio no mar
Lap top, agenda e celular

Ensaio o movimento de afrouxar o colarinho
É o melhor que consigo fazer
A buzina me chama de volta
É o tempo presente que não aguarda
Vou
Crianças jogam futebol na Cidade Velha
Ilha da Praia, Maio de 2012



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