Rua das Oliveiras, Porto, 31/12/2012
Celso
Um tem os pés descalços e os cabelos raspados
E as calças rasgadas, e as ideias a fervilhar
O outro veste sapatos, penteia os cabelos e se
arruma diante do espelho
Do seu jeito, sempre impecável, sempre a se
observar
Ambos seguem num lado que quase ninguém quer estar
Quase ninguém lá está, quase ninguém…
Um com vontade na fala. O outro com cantigas na
mala
Carregam ideias na contramão e avançam que nem um
tufão
Falam das grandes questões, de amor e
prazer, de poder e corrupção
E gostam de descrever aquilo que está bem oculto
e só poucos querem ver
E se aborrecem, e se entristecem, e se revoltam
Porque sabem que contam nas mãos, aqueles que
desejam compreender
E não se habituam com a distorção e a mentira das
midias
Que é repetida como um mantra, contada nos
jornais, revistas e TVs
Aquela fraude recontada todos os dias, paga para
deixar todos sem voz
Confusos entre aquilo que é conhecimento,
informação e desinformação
Direitos e obrigação, razão e emoção, verdade e
ficção
O resultado dessa combinação, faz nascer um
pensamento atrapalhado
Pois o que chama atenção são as ideias distantes demais
Os pés descalços que querem caminhar para além
Os cabelos penteados com precisão e intenção
E um caminhar que é o que diz, como fazem esses
dois
Estes, que são o que são
Os que dizem e fazem
Que não são dessa farsa
E nem todo sim, ou todo não
Diante deles, o pensamento caótico fica
desmoralizado
As convicções ideológicas são desconstruídas
O ideal perturbado fica enfraquecido
E aquilo que está oculto, aparece
Eles, que não são de esquerda, ou liberais
Nem de centro, tão pouco de direita
São aquilo que são, diariamente, aquilo que realizam
Seguindo
caminho, sempre com a humanidade nas veias e mãos