terça-feira, 27 de novembro de 2018

Ideias Distantes Demais

Rua das Oliveiras, Porto, 31/12/2012

Celso
Porto, La Bohéme, 30/09/2018

Um tem os pés descalços e os cabelos raspados
E as calças rasgadas, e as ideias a fervilhar
O outro veste sapatos, penteia os cabelos e se arruma diante do espelho
Do seu jeito, sempre impecável, sempre a se observar

Ambos seguem num lado que quase ninguém quer estar
Quase ninguém lá está, quase ninguém

Um com vontade na fala. O outro com cantigas na mala
Carregam ideias na contramão e avançam que nem um tufão
Falam das grandes questões, de amor e prazer, de poder e corrupção
E gostam de descrever aquilo que está bem oculto e só poucos querem ver

E se aborrecem, e se entristecem, e se revoltam
Porque sabem que contam nas mãos, aqueles que desejam compreender
E não se habituam com a distorção e a mentira das midias  
Que é repetida como um mantra, contada nos jornais, revistas e TVs

Aquela fraude recontada todos os dias, paga para deixar todos sem voz
Confusos entre aquilo que é conhecimento, informação e desinformação
Direitos e obrigação, razão e emoção, verdade e ficção
O resultado dessa combinação, faz nascer um pensamento atrapalhado

Pois o que chama atenção são as ideias distantes demais
Os pés descalços que querem caminhar para além
Os cabelos penteados com precisão e intenção
E um caminhar que é o que diz, como fazem esses dois

Estes, que são o que são
Os que dizem e fazem
Que não são dessa farsa
E nem todo sim, ou todo não

Diante deles, o pensamento caótico fica desmoralizado
As convicções ideológicas são desconstruídas
O ideal perturbado fica enfraquecido
E aquilo que está oculto, aparece

Eles, que não são de esquerda, ou liberais
Nem de centro, tão pouco de direita
São aquilo que são, diariamente, aquilo que realizam 
Seguindo caminho, sempre com a humanidade nas veias e mãos

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Tempo de aprender

Bombas da revolução
Fortaleza de Maputo, 26/10/2011

Celso
Porto, 4 de novembro de 2018

Ainda que o abraço se perca
E mesmo que o sorriso se rompa
E que sua crença não seja a minha
E que sua alegria me entristeça
Ainda assim, teremos que aprender a conversar


Orlando 2016

Celso de Lanteuil
Porto, 21/11/2018
Para musicar

Texto baseado no espetáculo Your Name Is Orlando
Uma apresentação de Vivacte, Apuro e Café Lusitano
Apresentado pela companhia DYProcess
Concebido por David Desoras
Produção Rui Spranger

Strange feelings
Strange blues
Strange news
Contemporary news

We see old actions. We share old thoughts
(And) contemporary graves are spreading very fast
We touch the silence. The silence is fear
Fear is fire. Fire is imbalance

Strange feelings. Strange blues
Strange news. Contemporary news
Desire is burning. A difference grows
And shake structures. Ancient moral concepts

The pressure increases
God, flags, soccer supporters, politicians
Hate, envy, lack of balance…
Empathy loses ground

Compassion disappears
The affinity is crying
Polarity, contradiction, duality
They go to the octagon

Brothers, parents and friends punch each other
Until hate wins
At the end, Orlando 2016
It is just a faraway feeling