segunda-feira, 21 de maio de 2012

VOZ IMAGINÁRIA

Local onde os presos políticos de Tarrafal
faziam suas necessidades
foto de arquivo Abril de 2012
 
VOZ IMAGINÁRIA
Celso de Lanteuil
 
Inspirado nos depoimentos de presos políticos
Campo de Concentração de Tarrafal
Ilha da Praia, 10 de Abril de 2012

Estou preso
Prisioneiro no Campo de Concentração de Tarrafal
Ilha da Praia, Cabo Verde
Preso e não sei por que, ou sei?

Escapar da dor é fácil para quem não a sente
Por isso preciso que não esqueçam
Mesmo que seja eu
Essa voz imaginária a dizer

Aqui tentam me isolar do mundo
Esperam que eu perca a noção de que existe vida
Vida do outro lado das celas e muros
De que a liberdade é algo possível e está bem próxima
 
Entre nós fortalece a esperança de que este pesadelo acabe
Que possamos voltar às ruas sem medo
E caminhar ao lado das nossas mulheres, filhos, familiares e amigos
Sabendo que não haverá outro Tarrafal
 
Lisboa Fevereiro de 1978
Tarrafal nunca mais!
Multidão acompanha os restos mortais de portugueses
mortos no Campo de Concentração de Tarrafal
foto da exposição 

domingo, 11 de março de 2012

PARIS

CLAVICORDE o precursor do piano
peça provavelmente do Século XVI
mesmo período em que o Brasil era descoberto pelos portugueses
Cité de la Musique, Paris

PARIS
Celso de Lanteuil
Paris, Place Des Vosges
18 de Fevereiro de 2012
 
Quero beber sua tradição
Comer seu coração
Tocar suas vielas e calçadas seculares

Sentir a força da sua história
Sentar nas mesas dos seus cafés
Observar pessoas

Do cotidiano, respirar seu ar
O perfume dos jardins
Imaginar seu passado

Experimentar o agora
Saber da sua gente, gostos e prazeres
Compreender o que és e para onde pretende caminhar

Quero entender por que choras quando deveria sorrir
Por que celebras na hora que deveria calar
Ver através dos seus pintores a arte do outro olhar

Descobrir que o prazer
Pode estar no calor de uma baguete
No aroma de um café

No sorriso de um casal
Na poesia que liberta
E nos instiga a agarrar o céu

Exposição de alguns dos seus mais de mil instrumentos
Cité de la Musique, Paris

IGUAIS

Morador de Antananarivo usa da criatividade
para proteger o telhado de um possível ciclone
IGUAIS
Celso de Lanteuil
Antananarivo, 11 de Março de 2012

Sou igual a você
Nem pior nem melhor
Pode ser que faça gols
E ganhe milhões
Dez, cem, milhares de vezes mais

Que saiba astronomia, física quântica, química
Entenda como poucos da alma dos homens
Consiga escalar o Evereste
Só, atravessar o mar
Fazer mágicas, ser comediante, professor...

Sou igual a você, sabendo quatro idiomas
Fazendo um belo salto triplo
Ganhando uma medalha olímpica por isso
Pousando um Boeing 767-300 em Antananarivo
Sendo Maestro, Cirurgião ou escultor

Sou igual a você
Tanto pelo que sei, quanto pelo que não sei
Pelo que posso desejar
Por aquilo que não consigo realizar
Pela alma, credo e cor, pelo que tenho comigo de amor

Igual em muitas outras coisas
Apesar daquilo que só eu é que sei
Pela vontade de ser feliz, de buscar um sentido, uma luz
Por desejar aprender sobre a vida
E querer cuidar bem do que é meu

Igual pelas diferenças
Por não fazer pão
Plantar milho, arroz ou feijão
Construir uma cadeira
Fazer uma pipa, girar um pião

Sou igual por tantas semelhanças
Ausência de compaixão
Extrema vaidade ou ambição
Egoísmo, inveja e gula
Indiferença com a dor de um irmão

Sou igual a você, mesmo sendo único
Crescendo, lutando, ganhando ou perdendo
Tendo tudo, ou nada
Pois não há mesmo diferença
Na hora que a vida inventa que é tempo de seguir com o vento

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

VÉSPERA

Foto de celular Sony Ericsson 2007
Margaridas do parque próximo da escola Torn Grove
Bishop's Stortford, UK, Maio de 2008


VÉSPERA
Celso de Lanteuil
Rio, 02 de Fevereiro de 2012

Por que somos assim?
Por que vivemos a vida como se ela nos pertencesse?
Chegamos ao mundo nus
Sem meias, cuecas, chaves, cartão de crédito, celular

Não sabemos falar, interpretar o que vemos
Identificar pessoas e acontecimentos
Logo nos vestem, aprendemos a pedir e por vezes a compreender
Crescemos e vivemos como podemos e sabemos

Emocionais e racionais. Fortes e frágeis
Materialistas e espiritualistas. Dóceis e violentos
Estúpidos e geniais
E apesar de quem somos, na morte nos tornamos iguais

Graça

O grande Charlie Chaplin em seu personagem Carlitos
Cena do filme Tempos Modernos, um clássico do artista 
Enfrentou o preconceito e a ditadura através do riso

graça
celso de lanteuil
Porto-Rio, 31 de Janeiro de 2012

Sem dúvida alguma, se olharmos para a trajetória do homem, a vida na Terra e aquilo que vislumbramos possa existir no Cosmos, viver com graça faz uma enorme diferença.

nunca é tarde

Foto da Praia de Matosinhos, Porto. Portugal, 2009
Mulheres de pescadores em desespero se despedem dos maridos
Estes seguem para mares desconhecidos, muitos jamais retornarão
Na madrugada do dia 2 de Dezembro de 1947, 152 marinheiros desaparecem no mar entre ondas que chegaram a 10 metros


"... nessa negra e sinistra madrugada de 2 de Dezembro de 1947, naufragaram entre a Aguda e Leixões as traineiras “D. Manuel”, “Rosa Faustino”, “Maria Miguel” e “S. Salvador”, tendo perecido um total de 152 marinheiros entre os que se encontravam nas
traineiras naufragadas e os que caíram ao mar, deixando 71 viúvas e mais de 100 órfãos"  

Referência Belmiro Esteves Galego, Antonio Cunha Silva, Naufrágio de 1947, Toda a Saudade é um Caz de Pedra 


NUNCA É TARDE
Celso de Lanteuil
Porto-Rio, 31 de Janeiro de 2012

Acredito na nossa capacidade de aprender e mudar
Independente da nossa idade
A curiosidade para saber e fazer, faz revoluções em nossas vidas
E nos leva para destinos jamais imaginados

passou

Aprendendo a ser feliz com os amigos Silvão e Paulo Viola   
na casa do amigo Henrique Hereen
PASSOU
Celso de Lanteuil
Porto, 9 de Fevereiro de 2012
 
Deixei de me penalizar pela vida que vivi
O que passou, se foi
Não pode mais ser modificado
Mas o presente, este não
 
Neste instante é que a vida me autoriza
Vai buscar tua paz! Vais ser feliz!
E é aqui que eu tenho alguma chance
É neste momento que ainda posso tentar ser e fazer