segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Vai e Vem


Vai e Vem é uma canção que criei em 2012 e que tive a satisfação de cantar ao lado da grande intérprete Daniela Jesus no CCOP, em 2018, celebrando os 5 anos de existência da APURO.
Desde então, mantive acesa a vontade de gravar essa canção com a Daniela que recentemente aceitou o meu convite com muita disposição, gravação esta que ainda conta com a enorme contribuição do talentoso percussionista e produtor musical Bruno Prado.
Conto com a ajuda de vocês assistindo o video, me seguindo e divulgando esse meu mais recente trabalho. Até breve!

Celso

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Uma temporada no inferno

Por Arthur Rimbaud (1854-1891)
Lido em Lagos, 8 de Março de 2013
Comentários sobre o livro, escrito na contracapa
Celso DL


Eis aqui, muito bem descrito, uma desordem profunda, de um espírito cheio de dor, de força, de sonhos e amor. Eis aqui em palavras, sofridas porém bem escritas, as rimas que falam de desespero, perdas e horror;

Decididamente, encontramos nestes poemas de Rimbaud, aquela angústia profunda de quem está afastado do mundo, enlouquecido por tantas ilusões, aquele que nunca encontra a paz; 

Tenho aqui em minhas mãos, não apenas o resultado de um poético delírio, mas também a tradução mais pura da alma de homens descalços e nus, violentos, amargos, traidores vis, armados até os corações;

Aqui, neste texto realista e revelador, temos os porcos, os devassos, as sombras de um ser que jamais chegará a acontecer. Temos as nossas piores falhas e nossos sofridos preconceitos;

Estão todos aqui enumerados, para que assim não possamos jamais esquecer dos tipos que somos e daquilo que podemos ser.

 

 


segunda-feira, 14 de junho de 2021


 Porto, 17/11/2016

Celso de Lanteuil

Notas após ter lido O Meu Século, de Gunter Grass

Não desistam jamais. A humanidade vale a pena. A vida no planeta é sagrada. O que na Terra nasce é filho e como filho tem que ser cuidado. Não esqueçam da nossa história, da caminhada que já percorremos, dos erros do passado e do sofrimento que vivemos. Nem das piores derrotas, dos absurdos cometidos, da nossa pior estupidez!

Lembrem-se das importantes conquistas, dos nossos grandes inventos, daqueles melhores momentos que nos fizeram descobrir outros valores e nos permitiram chegar até aqui, apesar dos extremos desequilíbrios que ainda persistem e causam tanta dor.


sábado, 9 de janeiro de 2021

 

TELHA BOA
Celso de Lanteuil
Rio de Janeiro, 6 de Junho de 2002
Da rua Santa Clara ao Instituto Copacabana e de volta para casa ...

Caminhando de casa para a escola
De volta para casa, ao lado do amigo de infância
Nunca fazíamos o mesmo caminho
Havia sempre uma outra calçada, uma outra gente

Um outro humor, uma vontade diferente
Uma imaginação que acordava a gente
O caminho para a escola era longo, era perto
O tempo que levávamos até a porta do colégio era exato

O caminho era reta, era inverso, era universo
Algumas vezes quando ia-se, vinha-se
Quando voltávamos, descobríamos uma casa escondida, escondendo pessoas
Um muro jamais ultrapassado, uma trilha para o morro, nunca experimentada

O mesmo caminho, como se fosse outro 
Até lá chegar, muitas voltas, algumas paradas
Retornávamos outras tantas vezes
Para fazer a bola rolar, encostar numa parede, nos esconder atrás da árvore

E víamos a bola entre os carros a desaparecer e surgir novamente
Intacta. Protegida pelos nossos anjos das ruas
Nunca mais será como antes
É o que eu sempre repito

Nunca mais será como o agora, aproveitem!
As crianças não tem pressa para chegar, nem pressa para voltar
Moram numa casa sempre ao lado, logo ali
Os adultos querem chegar à tempo e acham tudo muito distante

Naquelas idas e vindas, o tempo avançava, parava e recuava
Parava de andar para trás, avançava um pouco mais e parava novamente
Assim seguíamos com ele
Todos os dias, um minuto igual a um dia

Um dia igual a uma semana
Que era igual a um mês, que era igual a um ano…
Naqueles trajetos, vi o mundo se revelar
Nas pequenas travessuras de menino, a subir um muro

Nas chapinhas para catar ou chutar, naquela velha bola
Novamente levada nos pés
Escapando e esbarrando na canela de alguém
Seguindo o seu vai e vem, insistindo em rolar para longe

Uma chuva serve para muitas coisas
Rega a terra, plantas e árvores
Nos lembra do cheiro da mata
Limpa o chão que pisamos, serve sobretudo para lavar a vida

Nos dias de chuva, voltando para casa
Eu tomava o meu banho sem reclamar
Debaixo da telha, de uma daquelas casas que não existem mais
No meio da calçada eu lavava os cabelos, deixava o uniforme da escola molhar

A bermuda encharcada a pingar
Assim seguia para casa, sem pressa, bem devagar
Vendo os outros a correr tentando a chuva evitar
Ao entrar em casa, eu deixava marcas de água pelo chão  

Agradecido por aquela telha, pelo melhor banho de então 
E corria para o chuveiro evitando os gritos da minha mãe
Seguindo para um outro banho, sem a mesma graça 
O tempo remove muitas impressões, detalhes que nos fogem a lembrança

O coração a palpitar, um desafio distante de alguém que nos está a testar e provocar
Mas o banho da telha, daquela casa que não existe mais
Não me sai jamais da lembrança, nem a água a escorrer
A molhar meus cabelos, o rosto e meu corpo livre sem medos...

 

terça-feira, 13 de outubro de 2020

IT'S ANOTHER DAY


Hi friends, next friday the 16th, I'll be sharing a new song, It's another day! 
I hope to see you around.
Cheers, (After that, the audio and images will be continuously available for you)

Salve amigos, na próxima sexta-feira estarei compartilhando uma nova composição de minha autoria.
Conto com a força de vocês.
Até breve,
Celso DL (após o lançamento a gravação estará permanentemente disponível para visualização)

O Senhor dos Cordéis

Museu do Design e da Moda de Lisboa
Foto de celular, Setembro de 2012


O SENHOR DOS CORDÉIS
Inspirado pela poesia de Thomas Bakk
Celso de Lanteuil
Porto, 25 de agosto de 2020
 

Ele não é o senhor dos Anéis, é O Senhor dos Cordéis!
Aquele que já viu nesse mundão, uma mãe com o facão na mão
Diante dos olhinhos secos das crias
Sem saber como dividir, a gota d’água que brilhava como se oceano fosse;
 
Falo daquele que encontra luz, luz numa cabeça bem presa
Presa numa muralha de medos, sempre usando capuz
Indo e voltando a lugar algum, cuspindo prego, espinho
Coisa azeda, detrito de todo tipo;
 
Você mesmo, Senhor do Cordel, que por tantos caminhos já cruzou
E que o lugar-comum visitou, como faço eu nessa hora
Repetindo o que já foi tão repetido, dando também minhas voltas
Nesse círculo onde sempre se retorna, não importa o dia nem a hora;
 
Vou dizer da minha maneira, do jeito que me cabe fazer
Quando no meio de tantas vias, nos variados momentos da vida
Cercado de assombração, Belzebu, Chupa Cabra, Candirú e proteção
Vendo nascer nesse mundo tanta genialidade, progresso, maldade e farsa
Li o que esse repentista escreveu e repito que "a melhor saída para a paz
Está sempre dentro de nós
";
 
Segue trovador dos desertos, carregando palavras por onde passa
Entre gente que muito da vida entende, só que de um modo diferente
Pois se eles não tem chance, nem tempo para ler
Sejam as histórias das Mil e Uma Noites, os casos de Malba Tahan
As peças de Shakespeare e os pensamentos de Serapião de Tmuis
Os Poemas de Pessoa, Drummond, Brecht, Rimbaud, Neruda e muitos mais;
 
Essa gente tem também saber, conhecimento que entra numa cabeça quente 
Pelas mãos feridas e a boca seca da sede, através dos pés descalços no chão!
E no meio de tanta confusão, pânico, pandemia, pandemônio, hemorragia
Nostalgia dos tempos que já foram bão, vou te deixar um abraço…
Abraço de um homem que gosta de beijos, que detesta inveja, desfeita
Injúria, violência, covardia, falta de opinião e desconsideração;
 
Aqui vai o meu agradecimento, um apanhado de ideias
Esse arrazoado de intenções, num angu de provocações
Direto para o Thomas, o Thomas Bakk, nosso atleta de ouro da imaginação
Um valente da criação, brigão genial, com palavra para qualquer posição
Representante dessa internacional riqueza regional que é o Cordel Tupiniquim
E talvez vocês cheguem a uma conclusão
Quem foi que nasceu primeiro, Bakk ou o Senhor dos Cordéis?


Exposição no Barbican Centre, A chuva que não molha
London, 11/2012