Impressões, recados mal criados, desabafos, saudades soltas em palavras. Este é o meu canto que também pode ser seu. Os textos, as músicas e fotos são de autoria de Celso de Lanteuil e só poderão ser copiados e divulgados com a autorização do mesmo.
terça-feira, 13 de outubro de 2020
IT'S ANOTHER DAY
O Senhor dos Cordéis
Foto de celular, Setembro de 2012
O SENHOR DOS CORDÉIS
Inspirado pela poesia de Thomas Bakk
Celso de Lanteuil
Porto, 25 de agosto de 2020
Ele não é o senhor dos Anéis, é O Senhor dos Cordéis!
Aquele que já viu nesse mundão, uma mãe com o facão na mão
Diante dos olhinhos secos das crias
Sem saber como dividir, a gota d’água que brilhava como se oceano fosse;
Falo daquele que encontra luz, luz numa cabeça bem presa
Presa numa muralha de medos, sempre usando capuz
Indo e voltando a lugar algum, cuspindo prego, espinho
Coisa azeda, detrito de todo tipo;
Você mesmo, Senhor do Cordel, que por tantos caminhos já cruzou
E que o lugar-comum visitou, como faço eu nessa hora
Repetindo o que já foi tão repetido, dando também minhas voltas
Nesse círculo onde sempre se retorna, não importa o dia nem a hora;
Vou dizer da minha maneira, do jeito que me cabe fazer
Quando no meio de tantas vias, nos variados momentos da vida
Cercado de assombração, Belzebu, Chupa Cabra, Candirú e proteção
Vendo nascer nesse mundo tanta genialidade, progresso, maldade e farsa
Li o que esse repentista escreveu e repito que "a melhor saída para a
paz
Está sempre dentro de nós";
Segue trovador dos desertos, carregando palavras por onde passa
Entre gente que muito da vida entende, só que de um modo diferente
Pois se eles não tem chance, nem tempo para ler
Sejam as histórias das Mil e Uma Noites, os casos de Malba Tahan
As peças de Shakespeare e os pensamentos de Serapião de Tmuis
Os Poemas de Pessoa, Drummond, Brecht, Rimbaud, Neruda e muitos mais;
Essa gente tem também saber, conhecimento que entra numa cabeça quente
Pelas mãos feridas e a boca seca da sede, através dos pés descalços no chão!
E no meio de tanta confusão, pânico, pandemia, pandemônio, hemorragia
Nostalgia dos tempos que já foram bão, vou te deixar um abraço…
Abraço de um homem que gosta de beijos, que detesta inveja, desfeita
Injúria, violência, covardia, falta de opinião e desconsideração;
Aqui vai o meu agradecimento, um apanhado de ideias
Esse arrazoado de intenções, num angu de provocações
Direto para o Thomas, o Thomas Bakk, nosso atleta de ouro da imaginação
Um valente da criação, brigão genial, com palavra para qualquer posição
Representante dessa internacional riqueza regional que é o Cordel Tupiniquim
E talvez vocês cheguem a uma conclusão
Quem foi que nasceu primeiro, Bakk ou o Senhor dos Cordéis?
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
segunda-feira, 11 de maio de 2020
terça-feira, 21 de abril de 2020
sexta-feira, 10 de abril de 2020
quinta-feira, 2 de abril de 2020
domingo, 22 de março de 2020
Duas ou três gotículas
Fevereiro de 2019, após chuvas que derrubaram mais de 400 árvores na cidade
Foto de celular Nokia 5
Copacabana, Rio de Janeiro
Duas ou três gotículas
Celso DL
Foram precisas, duas, três gotículas…
Imperceptíveis respingos
Um salpicar desprezível ao olhar
Borrifar contaminado pela vontade de persistir
Invisível vida, impalpável força
Cuja dimensão de seu vigor
Desarmou a todos
Donos do poder, exércitos, súditos, mentes brilhantes, desatentos…
Para mexer com a certeza de uma ordem
E a convicção, de toda uma organização de civilizações
Estrutura que diante dessa fria incerteza
Viu tremer suas bases
Numa progressão exponencial
A desconstruir os símbolos de uma era!
Um fluxo que deixou desmoralizada a logica que define tantas regras
As leis, as obrigações, os direitos, os acordos internacionais
Os valores morais, a ética de um povo, sua empatia, seu egoísmo
Seus costumes, aquilo que se pode ser e que se deve ter
Aquele que sairá vencedor, o outro que tudo irá perder
A roupa certa para vestir, o linguajar adequado, a etiqueta
Os ritos sociais entre pares, os protocolos entre irmãos
A hipocrisia do sorriso formal, a mentira oficial
A descoberta da fragilidade, diante de uma invisível partícula
Que chacoalhou essa intocável estrutura que a todos governa
E a fez estremecer de medo
Por pouco saber do próximo imprevisível ato
Desse ir e vir não autorizado
Que na rebeldia de prosseguir sua jornada de vírus
Segue destruindo vidas, sistemas e convicções
Pela via de duas, ou três gotículas