Celso de Lanteuil
FLIST, Rio de Janeiro 14/05/2011
Finalmente conheci o Bartolomeu Campos de Queiróz. Venho escutando esse nome fazem muitos anos. Minha amiga Ninfa tem o autor no mais elevado conceito. Ele é o Cosmos! Foi emocionante escutá-lo falar sobre o fantasiar e o viver. Vive melhor quem fantasia, como disse o escritor. O ontem e o futuro só existem na imaginação do presente que logo se transforma em passado. Portanto existir sem fantasia é vazio, indolor, translucido. Daí a importância do sonho na escrita e consequentemente na formação da cidadania. A escola que pretende transformar informação em autonomia deveria exercitar o ato da inventividade, porque a ação do sonhar é libertadora. Sem a fantasia estagnamos e petrificados nos tornamos estátuas vivas. Assim falou a voz lúcida de Bartolomeu.
SOBRE VERMELHO AMARGO
Um outro nível de escrita
Nova Delhi, 15/11/2011
Essa madrasta possui um jeito próprio de cortar o tomate. Por vezes o menino percebe que a faca afiada não servirá apenas para fatiar. Ao observar o rosto dela, suas feições tensas ocultam emoções, e ao acompanhar o movimento de ir e vir da mão que segura a faca, ele percebe que uma enorme distância as separa. Mãe e madrasta, quão diferente são. Vermelho Amargo é um relato poético sobre sentimentos intensos, onde a melancolia estabelece as motivações e o observar das coisas pelo olhar do menino. O sofrimento da perda da mãe, ainda muito cedo. O medo da madrasta. Os segredos do amor e das mentiras necessárias. Os pecados e as culpas. A mãe, o jeito de preparar a comida e cuidar. O amor, tudo para sobreviver. O irmão triturador de vidro. O gato da irmã que não miava. A cicatriz na testa da irmã mais velha que mais tarde fugiu do tomate, parou de bordar e escondeu o amor. A mulher que era duas. A bruxa e a fada. Tudo relatado com precisa maestria e uma dor difícil de se apagar.