quarta-feira, 16 de abril de 2014

Todos estão surdos


A caminho do Taj Mahal, Agra
India, Dezembro de 2011
 
TODOS ESTÃO SURDOS
Celso de Lanteuil
Porto, 15/01/2010
Letra e música
 
E você caça
E você laça
E você traça
E tudo passa
 
A voz abraça
A mão amassa
Os pés descalços
A pele esgarça
 
REFRÃO 1
Pula, pula, pula, pula, pula, pula, pula se não queima
Corre, corre, corre, corre, corre, corre, corre ou explode
Grita, grita, grita, grita, grita, grita, grita ou consente
Foge, foge, foge, foge, foge, foge, foge ou sacode
 
A vida é quente
Ela é presente
Olhe de frente
Seja vidente
 
A bola rola
A cola prende
A terra suja
Haja semente                    
 
REFRÃO 2
Cala, cala, cala, cala, cala, cala, cala ou transforma
Faça, faça, faça, faça, faça, faça, faça ou disfarça
Guarda, guarda, guarda, guarda, guarda, guarda, guarda ou despacha
Cuida, cuida, cuida, cuida, cuida, cuida, cuida ou esquece
 
E você caça
E você laça
E você traça
E tudo passa
 
A voz abraça
A mão amassa
Os pés descalços
A pele esgarça
 
A vida é quente
Ela é presente
Olhe de frente
Seja vidente
 
A bola rola
A cola prende
A terra suja
Haja semente                   

REFRÃO 1
Pula, pula, pula, pula, pula, pula, pula se não queima
Corre, corre, corre, corre, corre, corre, corre ou explode
Grita, grita, grita, grita, grita, grita, grita ou consente
Foge, foge, foge, foge, foge, foge, foge ou sacode

 

sexta-feira, 7 de março de 2014

Catador de lixo


Photo by Micah Albert, USA
1st Prize, Contemporary Issues Singles
World Press Photo 2013
Dandora Municipal Dump, outside Nairobi, Kenya,
one of the largest rubbish dumps in Africa!
... during a break from picking up garbage, she makes around 2 eur per day

  

CATADOR DE LIXO
Celso de Lanteuil
Letra e música
Porto 25 de Dezembro de 2011
 
O lixo do Jardim Gramacho não para de chegar
É uma montanha que cresce sem parar
Os caminhões avisam vão descarregar
É o cheiro azedo que vem pra ficar
 
Uma sandalia sem calço, uma carne estragada pro jantar
Milhares de latas enferrujadas a cortar
Chapinhas, pregos, restos, baratas, ratos, urubus
E o catador de lixo usa as suas mãos
 
Ele faz o céu mais limpo
Ele faz o planeta mais lindo!
É o catador de lixo
Catador de lixo
 
Naquele aterro junto ao calor e ao suor
Pessoas querem continuar
Elas são que nem você e eu
Só não deram a sorte de estar noutro lugar
 
Elas fazem o céu mais limpo
Elas deixam o planeta mais lindo
É o catador de lixo
Catador de lixo

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Tempos Primitivos

World Press Photo of The Year 2012
 
 Paul Hansen, Sweden, Dagens Nyheter

"The bodies of two-year-old Suhaib Hijazi and his elder brother Muhammad, almost four,
are carried by their uncles to a mosque for their funeral, in Gaza City.
... their house was destroyed by an Israeli airstrike
... The stike also killed their father, Fouad,
and severely injury their mother and four other siblings.
... over 150 people had been killed in Gaza.
Of these 103 were thought to be civilians, including at least 30 children."  


TEMPOS PRIMITIVOS
Celso de Lanteuil
Algum lugar do globo
Em resposta a um inteligente artigo do Vereador Pedro Porfírio
30 de Agosto de 2013
 
Caro Porfírio,
 
estamos vivendo tempos primitivos
sob o domínio do medo sobrevivemos
nas mãos de criminosos tentamos ser livres
testemunhamos horrores e seguimos
 
o poder institucionalizado gosta de sangue
seus agentes gozam com a máquina pública
nossa denúncia é sempre frágil
não provoca mudanças profundas
 
o mundo explode nas ruas, esquinas e tribunais
e a nós não resta outra porta a abrir
é a liberdade que nos falta
é a justiça que não chega
 
o Brasil está dominado
falta sonhar grande
respeitar a vida
condenar a corrupção
 
e o que nos cabe fazer é abrir essas portas
que tentam nos aprisionar
nos fazer aceitar, o mediocre, a miséria, o medo
e essa política sinistra feita para sufocar

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A UVA, O VINHO E O DOURO

A UVA, O VINHO E O DOURO
Para ler lentamente...
Celso de Lanteuil
Porto, 09/11/2013
 
No Douro
A uva é
Transformação
 
A uva é foz
É ouro, é voz
Vinho, revolução
 
Revolta que venta, muda e movimenta
Que luta e inventa
A uva é sonho
 
Transpiração
Força
Aquilo que o tempo deixou!
 
A uva é vinho
O Douro é paisagem
É solo, é água
 
História  
Vidas
Sonhos
 
Uva amiga, vinho amigo
Douro ilusionista
Gerador que nos leva
 
Outros, vamos
Tontos, tolos, alegres
Sem pressa e preocupações...

 Museu do vinho
Douro, Peso da Régua, maio 2010

domingo, 29 de dezembro de 2013

Fato, foto, documento

Foto de arquivo
Parque da Pasteleira
Primavera, abril de 2010 

FATO, FOTO, DOCUMENTO
Celso de Lanteuil
HFAG, Rio, 03/12/2013
 
A pressa é fato
O medo é fato
O fato é foto
A foto documento
 
A dor é fato
O susto real
Alegria virtual
No idoso é medo
 
O sonho enfraquece
A distância cresce
O chão esquenta
A raiva aumenta
 
E eu luto mais
E o mais é menos
O menos dissolve
Coragem, pensamento
 
Eu vejo o outro
O outro é fato
O fato é foto
A foto é o medo
 
Eu me esforço
A força diminui
E eu resisto
Mas não acredito
 
Justiça é fato
Fato é lei
Lei para poucos
Fato, foto, documento!
 


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

LANZONI

Depoimento de trabalhadores do cultivo da banana
Testemunhos de massacres através do canto, Chocó, Colombia 
Exposição inaugural da Casa Daros no Rio de Janeiro
 Brasil, Março de 2013
 

AMIGO LANZONI
Porto, 18 de Outubro de 2010
Celso
 
Não existe nada que me possa fazer te esquecer
Tudo que você disse
Tudo que você gritou
Tudo que você plantou
E colheu
Tudo que você acreditou e lutou
Por isso, você não vai nunca morrer...



quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Incêndio na Serra do Caramulo


CARAMULO 2013
Celso de Lanteuil
Algum lugar do globo, 02 de Outubro de 2013
Sobre o incêndio que destruiu grande parte da Serra
Distrito de Viseu, Centro-Norte de Portugal
 
A Serra do Caramulo ardeu
O fogo comeu a vida
O Caramulo queimou e sofreu
Uma dor que tirou e matou
 
Nenhuma esperança brotou da terra
As chamas já de longe avisavam
Eu machuco, eu queimo, eu destruo
E o Caramulo recuou, cedeu seus pulmões
 
Na expressão de uma fúria jamais vista
Se encolheu para aceitar sua condição
E do que aquela Serra fez um dia crescer
Viu nesse surto de horror desaparecer
 
Pessoas resistiram
Bombeiros lutaram
Até suas vidas doaram
Mas nada, nem ninguém teve forças
 
Nem o povo da terra
Que da terra entende
E da terra vive, sofre e sorri
Nem mesmo seus bichos, sua natureza irmã
 
Ninguém conseguiu
Convencer esse fogo enraivecido
Que era hora de parar
Que era tempo de deixar a vida seguir
 
O Caramulo ardeu
E só não queimou mais porque, dizem os locais
Era preciso alguma mata sobreviver
Viver para nos fazer lembrar de muitas coisas
 
Do nascimento, da luz, da infância
Do crescimento, do aprender e lutar
Que vida plena é amor, saber cuidar e respeitar
Compartilhar conhecimento, fraternidade e sonhos
 
Por isso dizem por aí que o Caramulo não pode desaparecer
Por que se morre uma Serra como essa
A vida respira pior
E o homem tem menos histórias para contar e abraçar
 
 
 
World Press Photo, Amsterdam 2013
Daniel Berehulak, 3rd Prize
General News Stories
Australia, Getty Images
 
Uprooted pine trees lie over a beach in Rikuzentakata, Japan
A year after the March 2011 Tsunami
Up to 40 percent of its population (over 23.000) was lost