Trecho da estrada que liga Agra a Nova Delhi
Novembro de 2011
NEM
QUE A VACA TUSSA
Celso
de LanteuilAntananarivo, 13 de Março de 2012
Nem que a vaca tussa
Ou a galinha voe
E o homem das cidades volte a andar descalço
Sem medo de cortar os pés
Mesmo que eu chegue em Jupiter e lá consiga habitar
O amor resista aos novos tempos
As guerras acabem
As armas desapareçam
Ainda que não haja mais lixo e a miséria venha terminar
Não mais existam crianças e velhos tristes
As doenças sejam extintas
O homem encontre sentido e seja feliz
Mesmo que os passarinhos retornem a cantar
Os jovens aprendam o significado do amor
As águas dos rios tornem-se cristalinas
As florestas envolvam o concreto e os animais vivam livres
Mesmo que a escravidão seja uma lembrança distante
Assim como não existam mais opressores
Que eu possa rezar para o meu Deus sem te insultar
E tua cor não seja motivo de dor
Seu sorriso seja verdadeiro
Exista esperança para todos
A vida torne-se muito mais longa
Os sistemas estrelares levem mais tempo para morrer
Animais, plantas, minerais existam na sua plenitude
E nossa história não seja esquecida
Mesmo assim, em algum lugar, vida e morte estarão a dialogar
A se tocar como íntimos parceiros
Nesse processo interminável, onde nossa incompreensão perdura
Nossa angústia cresce com o passar dos anos
Nossa indiferença passa a ser uma defesa frágil do inconsciente
Que a qualquer hora se desmorona como castelo de areia
Porque para se compreender tal mistério
É necessário mais da vida saber
Do amor ser conhecedor
Da nossa dimensão e missão bem entender, e sentir
Nem que a vaca tussa
Ou a galinha voe e eu chegue em Jupiter
As guerras acabem e as armas desapareçam
Mesmo que eu consiga encontrar um sentido...
Templo em Old Delhi, 26 de Novembro de 2011
Oi Celso, acho que agora consegui.
ResponderExcluirAchei seu poema forte, como sempre vejo e sinto em suas falas, seja prosa, verso ou música. Vc tem um fôlego impressionate em qualquer estilo. E acredito que os lugares diferentes que tem visitado estão estimulando criações bem interessantes.Nem que a vaca tussa tem a cara e história da Índia.
Música sim, corajosamente vc começou a postar. Parabéns! Ainda não li mas o farei com calma.
Se me permite alguma sugestão no poema acredito que se limpar um pouco os "es", "porques" e algumas outras palavrinhas do início dos versos seu poema ficará mais sonoro. É influência da Ninfa, né! É só ver uma coisinha a mais que a gente quer canetar para enriquecer o texto. Mas fica a seu critério que é o talentoso criador.Bjs.
Pepita.
Oi Pepita que grata surpresa! Fico feliz de receber você no meu recanto de prosa e boa conversa. Obrigado pelas gentis palavras. Muito estimulante vindo de você. Suas observações são sempre apropriadas e pelo visto, esse bom hábito que a Ninfa tanto nos estimula a fazer, também já te pegou kkk. Você tem toda razão, se nos descuidarmos deixamos aquilo que não é necessário no texto. E, como dizia o Armando Nogueira que tanta falta faz, escrever é cortar palavras. Beijo grande e volte mais vezes. Celso.
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