Pobre percepção
Destas pessoas que só enxergam as próprias mãos
Que só visitam os seus lugares
E contam apenas seus casos
Pobres corações
Juízes implacáveis das multidões
Tolerantes das suas transgressões
Algozes por convicção, sempre em nome da paz
Silêncio cidadão!
Nos porões, negros escravos vomitam as tripas
Esfolados vivos
Suas almas gritam
Nos sinais da cidade
Crianças malabaristas
Cambalhotam por atenção
A cidade indiferente passa
Grita a vizinha que o cachorro dela morde
Que come gente viva
E que na desordem da vida
Ela é que lhe dá a comida
Correm apavorados senhoras e senhores
Donos de índios, japoneses, brancos e africanos
Escondem-se assustados
Nas suas casas fortalezas, bem protegidos de gente
Você que ganha salário sempre mínimo, guarda trocado e sonha barato
Que economiza o sapato e cata no chão uma solução
Você que sorri com os dentes nas mãos. Cuida-se!
Eles te querem de quatro amarrados num porão
População desfavorecida
Ilha do Sal Julho de 2012
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