domingo, 13 de novembro de 2022

segue a vida ...

MEGALÓPOLE
Celso de Lanteuil,
16/06/2011, retomado em 10/11/2022 

Corre, corre, corre
Tudo em você é mega, max, enorme
Pessoas, carros, prédios, ruas, esquinas
Buzinas estridentes
Sorrisos espalhafatosos
Falas amplificadas
Filas que só fazem crescer

Corre, corre, corre
Dona de intermináveis carências
De histórias que não findam
Onde emoções explodem e desaparecem
Lágrimas não acabam
Risos se fartam
Um medo que aumenta ao amanhecer

Corre, corre, corre, tudo em você é intenso
Viadutos, túneis, distâncias
Amigos, ofícios, beijos, abraços e falas apressadas
O direito de ir e vir, quebrado
Vizinhos que não se conhecem
Pais e filhos que mal se olham
Vidas que se esbarram, mas não conversam

Corre, corre, corre, gigante metrópole
Amiga do descaso, do caos, da ansiedade
Indiferente, impaciente e só
Tens em tuas mãos, todos a competir
Nesse seu tamanho, tudo cabe
E ainda vês nascer o sorrir nas multidões
Enquanto muitos trazem os corações nas mãos
 
Corre, corre, corre velha senhora
O último vagão não aguarda
A última consulta não espera
O mercado fecha, luzes apagam, a reunião começa
Corpos esgotados adormecem
Sonhos diminuídos desaparecem
Vontades sufocadas, sufocam 

Na megalópole tudo é mega, max, enorme
Trabalho, cansaço, dor, perda, desrespeito
Amor, desamor, indiferença, sexo, celebração
Compaixão, amizades, esperança
Forças que se vão
Delitos e crimes permanentes
A comida cara, um canto para dormir, o bullying que aperta

A cabeça abaixa, os corpos pesam
A chuva alaga ruas, calçadas e casas
O barulho aumenta
Corre, corre, corre, o silêncio se aproxima
A oportunidade espreita
A realidade corta, a freada assusta, a verdade machuca
O tempo não espera e a vontade insiste

 

 


4 comentários:

  1. Maravilhoso, como sempre. Parabéns!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada querida Miryan, por me visitar. Volte outras vezes 😊🌷🌺🥀💐

      Excluir
  2. Muito bom. Sempre uma boa leitura!

    ResponderExcluir