sábado, 18 de janeiro de 2025

ciclos NÃO naturais

Tentativa de fazer uma galinha colorida, 2022
    

ciclos NÃO naturais
Porto, 22/08/2022
Após ler os Prefácios sobre Gilberto Gil, em sua obra 
Verso a Verso, Gil em Verso, Edições Quasi 2006

Eu canto a vida que encontro
No ritmo que o coração comanda
Atento para saber reconhecer
As mudanças que fazem
A vida nascer e morrer

A força do conhecimento
Nossas vivências
Transformam nossa percepção
Nos mostram o estrago que avança
Ruína que nasce de um consumo sem freios 

Os peixes que crescem num rio
As árvores que filtram o ar
Fornecem alimentos vivos
A sombra que nos traz a paz
Uma relva que nos massageia os pés

A chuva que purifica a terra e o caminho
E desconstrói tantos desequilíbrios
Esta cegueira que a todos nos pega
Desordem que nos destrói
Uns já agora, outros um tempo depois 

Plásticos são compostos complexos
Avançam pelos mares e terras
Asfixiam por onde ficam
Resistem, se ajustam, se infiltram
E recriam novos ciclos

Peixes, aves, gatos
Cavalos, coelhos, cães
Vacas, galinhas, porcos, ovelhas
Engolem pedaços de plásticos
Sacolas, embalagens, potes, escovas...

O lixo que produzimos em casa
Pode dar a volta ao mundo
Pode engasgar um salmão
Que acabe no seu prato
Sua melhor refeição

Nessa negação que nos aprisiona
E nos faz enxergar não mais que
Um palmo diante de nós
Vamos avançando
Modificando e sendo modificados

Pensamos ter respostas
Para tantos desequilíbrios e perturbações
Apesar de só enxergarmos a superfície imediata
Aquilo que nos mostra
O primeiro plano de uma fotografia

E seguimos a produzir muito lixo
O consumo da nossa história
Sem perceber a sujeira que nos cerca
Que entranha dentro de nós
Plastificando nossos sonhos e ideias











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