segunda-feira, 28 de agosto de 2017

BREXIT

 
Conceitos básicos para gerenciamento de conflitos
 utilizados por tripulantes da aviação
 

BREXIT
Celso de Lanteuil
Porto, 26 de junho de 2016
 
UK, BREXIT 1
O Reino Unido saiu de si mesmo
 
UK, BREXIT 2
Ele votou: “saia da minha terra”
Ele pensa que assim se qualifica
Que conseguirá um melhor emprego
Que sua promoção vai acontecer

E a aposentadoria será menos perversa
Ele aceita portugueses, poloneses, nigerianos e paquistaneses
Tolera os indianos, os brasileiros e os muçulmanos
Desde que sejam bons de bola…
 
UK, BREXIT 3
Nós não precisamos de ninguém!
Por isso votei “GO AWAY”

UK, BREXIT 4
A globalização não vai chegar aqui
Essa é a nossa ilha!
Por isso votei “FORA”
 
UK, BREXIT 5
Eu votei NÃO!
O Reino Unido perdeu seu melhor aliado
A diversidade foi posta para fora
 
UK, BREXIT 6
Eu votei NÃO!
Jovens, acordem!
O mundo está em todos os cantos…

INTERVENÇÃO CIRÚRGICA

Efeito de uma trovoada na noite anterior 
 
KSA, 24/11/2014
Antigo condomínio da TWA
A natureza da e pega de volta

INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Celso de Lanteuil
Porto, 4 de maio de 2016

Uma cirurgia
Uma cirurgia numa árvore!
Um Pau Brasil
Um Pau Brasil plantado num horto
 
Foi no Horto de Dois Irmãos, no Recife
Ela foi plantada pelo Presidente da República em 1933
O Presidente Getúlio Vargas
E o Pau Brasil estava ferido por fungos
 
E seguia o seu destino de morrer
Técnicos intervieram, abriram o seu tronco
Rasparam, infiltraram
Pulverizaram com fungicidas suas entranhas

Cortaram alguns galhos
E diante de curiosos
Salvaram a árvore
Por mais vinte ou trinta anos…

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

OUVINDO CRIOLO


OUVINDO CRIOLO
Celso de Lanteuil
Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2012
Ouvindo pela primeira vez o CD do Criolo
Livraria da Travessa do Leblon

Sigo onde minha cabeça permite me levar
Mas não me engano
Não existe asfalto quente que não queime!

Toco nos seus lábios, sinto o seu mel
Percebo que posso cair nas suas mãos...
Converso com "cabeçudos". Eles conhecem de emoções

Tenho dúvidas. Eles me dizem que posso esperar
Sim, posso esperar, sei que minha hora chega
Apesar das cercas, dos abismos e medos

Sei, você me disse e eu mesmo já vi e provei
Sim, sei bem o que quer dizer
Mas pense nisso, não importa falar mandarim

Saber pular, cantar, pensar e conseguir fazer bem
Ser professor, doutor ou agricultor
Pois de nada vale o sacrifício, se a autoridade faz vencer o enganador
  
REFRÃO
Sigo onde minha cabeça permite me levar
Mas não me engano
Não existe asfalto quente que não queime!

Se quiser se enganar, defender a mentira, é com você
Mas não me peça pra fingir que não vi
A estrada segura não existe e eu tenho pressa

E aquele mestre em ludibriar está chegando
Ele que vive de mentir
É o boçal que no nosso destino quer mandar

A água da garrafa está esvaziando
Na TV, uma multidão goza de prazer
É a programação que faz todo mundo esquecer

REFRÃO
Sigo onde minha cabeça permite me levar
Mas não me engano
Não existe asfalto quente que não queime!



quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Cabeça e Chão

Foto de Ana Geada
Elevador
(trecho do conto)
Celso de Lanteuil

Não é fácil vencer um inimigo desse tamanho, com uma vontade dessas e essa força que se imagina indestrutível. Ela parecia saber disso. O pior ao se enfrentar alguém com essa raiva, e que possui o desejo de esganar, é saber que iremos, mais cedo ou mais tarde, sucumbir lentamente. Como acontece com uma mosca presa à teia que terá todo o líquido de seu corpo sugado pela aranha.
 
- A senhora vai entrar? Quando se é criança, tudo é mais fácil. Os inimigos não são reais como esses que os adultos são obrigados a matar todos os dias.

Esse menino não tem consciência dos perigos que estão à sua volta. Não sabe que está pisando em solo inimigo e que está sendo aos poucos empurrado para o cadafalso.
 
Não desconfia que, em breve, irá viver os horrores de uma morte sofrida e lenta. 

sábado, 17 de dezembro de 2016

CURVAL


Uma pequena mostra da produção de Curval

CURVAL
Celso de Lanteuil
Casa de Curval, 20/05/2016

Curval é um furacão
Por onde passa desconstrói
Destrói conceitos, reinventa a forma, a cor

Atividade, arte
Pintura, criação de móveis, jardins
Esculturas, fotos, quadros em várias dimensões

Ele cria como respira
Produz sem parar. Inventa ambientes e expressões
Mistura texturas, técnicas e percepções

Nada lhe passa desapercebido
Combina olhar de bicho com arame
Faz rosto em movimento

Nas suas telas a pintura se expande, entra em ebulição
Sai do estado líquido, passa pelo gasoso
Segue em evaporação, que resulta numa outra concepção

Ele é um tsunami das formas e imagens
Mata vira isopor, que renasce como madeira queimada
Sua tinta flutua de tela a tela

Infiltra na pupila
E entre obra e observador, uma conexão se faz
O resultado é um outro paradigma

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

MUROS

Photo by Celso, Amsterdam 2013
my smartphone is trying to be political!
 
"Fairphone mission is to bring a fair smartphone to the market
One designed and produced with minimal harm to people and planet"
(Designer Bas Van Abel)

MUROS
Celso de Lanteuil
Porto, 25/11/2016
 
Inspirado no tema Os muros que nos dividem, de José Jorge Letria
Guerra e Paz Editores, 2016
 
Muros, muralhas, linhas divisórias
O muro da China. O muro de Adriano
E a linha imaginária
Os muros das palavras e ideias
 
Muros, linhas divisórias, muralhas
No Atlântico, em Berlim, em Chipre e Evros
Os muros da paz de Belfast
E os muros invisíveis do Brasil
 
Há aqueles das Coreias partidas
Que apesar de irmãs, se sentem inimigas
Onde procriam arames, tijolos e pedras
Areia, concreto, medo, ódio e o preconceito
 
Florescem as muralhas no nosso século
Elas marcam, definem, proíbem e prendem
O muro do México nasceu em 1991
Ainda não parou de crescer
 
As divisões vão sendo demarcadas. Elas estão espalhadas
Uma grande vala em solo espanhol, separa o Marrocos de Ceuta
Muita gente vê. Muita gente não vê!
Pessoas morrem, ou ficam feridas, na carne e na cabeça
 
Não desistem, seguem fugitivas. O muro da Cisjordânia separa parentes
E gente amiga. Ele prende irmãos dentro de um mesmo chão
Para uns esta é a “Cerca da Segurança”
Para outros é o “Muro do Apartheid”
 
O isolamento não para e segue empurrado pela agonia
Que tenta por todos os meios, segurar os que fogem do horror
Então outro muro cresce entre a Sérvia e a Hungria
Tentando a qualquer custo, impedir o desesperado que grita 
 
Novas fronteiras se fecham
Com muros ainda maiores
E o que poderia ser uma casa para outros
Logo se mostra uma jaula para muitos

Esse tipo de muralha, se acha em tudo que é lugar
É muro muito duro, difícil de derrubar
Ele é feito de uma matéria, uma linha invisível, que nasce de um olhar
E cresce enxergando as pessoas, do outro lado de lá


 

 

 

Eu sou Elza


ELZA SOARES
Porto, Casa da Música, 24/11/2016
Celso de Lanteuil
 
O Rei não morreu
Nem o Imperador
O dono da terra, também não
 
Não acabou ainda
O servidor braçal
Até a hora final
 
Nem o político do negócio
Que serve seu protetor
E o lavrador do campo, que capina até a morte
 
O abuso, o medo, o homem que bate na mulher
A mulher que bate no marido, a criança que apanha do velho
Esse que leva uma surra do menino
 
Não acabou ainda
A contramão do poder, do ódio e preconceito
Então, um palco recebe o texto e a encenação
 
Instrumentos em comunhão
Percussão, teclados, bateria, guitarras  
Uma diva nacional, defende sua história com a voz
 
Ela representa muitas lutas
A carne mais barata que canta
A joia rara num mercado negro    
 
Não acabou
A mulher que conquistou sua alforria cantando
Vai fazendo bem o seu papel
 
E canta, e canta, e diz, e canta
E segue abrindo caminhos com a voz
E eu, sempre que posso, aplaudo