Impressões, recados mal criados, desabafos, saudades soltas em palavras. Este é o meu canto que também pode ser seu. Os textos, as músicas e fotos são de autoria de Celso de Lanteuil e só poderão ser copiados e divulgados com a autorização do mesmo.
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
Vai e Vem
quinta-feira, 8 de julho de 2021
Uma temporada no inferno
Por Arthur Rimbaud (1854-1891)
Lido em Lagos, 8 de Março de 2013
Comentários sobre o livro, escrito na contracapa
Celso DL
Decididamente, encontramos nestes poemas
de Rimbaud, aquela angústia profunda de quem está afastado do mundo,
enlouquecido por tantas ilusões, aquele que nunca encontra a paz;
Tenho aqui em minhas mãos, não apenas o
resultado de um poético delírio, mas também a tradução mais pura da alma de
homens descalços e nus, violentos, amargos, traidores vis, armados até os
corações;
Aqui, neste texto realista e revelador,
temos os porcos, os devassos, as sombras de um ser que jamais chegará a
acontecer. Temos as nossas piores falhas e nossos sofridos preconceitos;
Estão todos aqui enumerados, para que
assim não possamos jamais esquecer dos tipos que somos e daquilo que
podemos ser.
segunda-feira, 14 de junho de 2021
Celso de Lanteuil
Notas após ter lido O Meu Século, de Gunter Grass
Não desistam jamais. A humanidade
vale a pena. A vida no planeta é sagrada. O que na Terra nasce é filho e como
filho tem que ser cuidado. Não esqueçam da nossa história, da caminhada que já
percorremos, dos erros do passado e do sofrimento que vivemos. Nem das piores
derrotas, dos absurdos cometidos, da nossa pior estupidez!
Lembrem-se das importantes
conquistas, dos nossos grandes inventos, daqueles melhores momentos que nos
fizeram descobrir outros valores e nos permitiram chegar até aqui, apesar dos
extremos desequilíbrios que ainda persistem e causam tanta dor.
sábado, 9 de janeiro de 2021
TELHA BOA
Celso de
Lanteuil
Rio de Janeiro, 6 de Junho de 2002
De casa, rua Santa Clara, ao Instituto Copacabana e de
volta para casa ...
Caminhando de casa para a escola
De volta para casa, ao lado do amigo de infância
Nunca fazíamos o mesmo caminho
Havia sempre uma outra calçada, uma outra gente
Um outro humor, uma vontade diferente
Uma imaginação que acordava a gente
O caminho para a escola era longo, era perto
O tempo que levávamos até a porta do colégio era exato
O caminho era reta, era inverso, era universo
Algumas vezes quando ia-se, vinha-se
Quando voltávamos, descobríamos uma casa escondida,
escondendo pessoas
Um muro jamais ultrapassado, uma trilha para o morro,
nunca experimentada
O mesmo caminho, como se fosse um outro…
Até lá chegar, muitas voltas, algumas paradas
Retornávamos outras tantas vezes
Para fazer uma bola rolar, encostar numa parede, nos
esconder por trás da árvore
E ver a bola entre os carros, desaparecer e surgir
novamente
Intacta. Protegida pelos nossos anjos das ruas
Nunca mais será como antes
É o que eu sempre repito
Nunca mais será como o agora, aproveitem!
As crianças não tem pressa para chegar, nem pressa
para voltar
Moram numa casa sempre ao lado, logo ali
Os adultos querem chegar à tempo e acham tudo muito distante
Naquelas idas e vindas, o tempo avançava, parava e
recuava
Parava de andar para trás, avançava um pouco mais e
parava novamente
Assim seguíamos com ele
Todos os dias, um minuto igual a um dia
Um dia igual a uma semana
Que era igual a um mês, que era igual a um ano…
Naqueles trajetos, vi o mundo se revelar
Nas pequenas travessuras de menino, a subir um muro
Nas chapinhas para catar ou chutar, naquela velha bola,
novamente levada nos pés
Escapando e esbarrando na canela de alguém
Seguindo o seu vai e vem
Insistindo em rolar para longe
Uma chuva serve para muitas coisas
Rega a terra, plantas e árvores, nos lembra do
cheiro da mata
Limpa o chão que pisamos, serve sobretudo para lavar
a vida
Nos dias de chuva, voltando para casa
Eu tomava o meu banho sem reclamar
Debaixo da telha, de uma daquelas casas que não existem mais
No meio da calçada, eu lavava os cabelos, deixava o
uniforme da escola molhar
A bermuda encharcada a pingar
Assim seguia para casa, sem pressa, bem devagar
Vendo os outros a correr, tentando a chuva evitar
Ao entrar em casa, eu deixava marcas de água pelo chão
Agradecido por aquela telha, pelo melhor banho de então
E corria para o chuveiro, evitando os gritos da minha mãe
Seguindo para um outro tipo de banho, sem a mesma graça
O tempo remove muitas impressões, detalhes que nos
fogem a lembrança
O coração a palpitar, um desafio distante, de alguém que nos está a testar e provocar
Mas o banho da telha, daquela casa que não existe mais, não me sai jamais da lembrança
Nem a água a escorrer,
molhando meus cabelos, rosto e um corpo livre sem medos...