Impressões, recados mal criados, desabafos, saudades soltas em palavras. Este é o meu canto que também pode ser seu. Os textos, as músicas e fotos são de autoria de Celso de Lanteuil e só poderão ser copiados e divulgados com a autorização do mesmo.
quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
Um Cotidiano Qualquer
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
prefixo IN
Matéria disponibilizada na internet (Google), sem referência ao jornal ou revista em que foi publicada. Eu lá estive e vi com meus olhos, muitas das aeronaves que operei como comandante e copiloto. Fotos da área industrial da Varig, no aeroporto internacional (Galeão) Antônio Carlos Jobim. Rio de Janeiro, Brasil, 2006.
Justiça!
A prática do viver
incorporou o prefixo IN
Que foi ficando, ficando,
ficando
Um IN aqui, outro IN ali e o
prefixo ficou de vez;
Como se tratasse de uma
situação muito natural
Daquelas que ocorrem a
qualquer época do ano
Com qualquer povo e nação,
sem história e qualquer relevância
A maior companhia aérea do
Brasil foi a leilão em agosto de 2006;
Seus funcionários foram
demitidos por telegrama
Colocaram a companhia no
bolso de alguns
E varreram os créditos dos
funcionários para debaixo dos tapetes
Cujas indenizações
trabalhistas e previdenciárias, são ainda devidas;
Desde o início, desta
"pseudo" Recuperação Judicial da Varig
Sem se honrar
as indenizações, decidido às claras, dentro dos princípios da justiça
Nos convenceram que palavras
são palavras, nada mais, nada menos que palavras
Exatamente como acontece com a interpretação da lei;
E o patrimônio da Massa Falida, mês a mês, foi sendo drenado
Sangrando ano após ano, das
veias dessa gente que trabalhou e não recebeu
Enquanto para alguns, a se
contar nos dedos, entre muitos milhares
Foram abençoados por Deus e
pela IN, IN, INterpretação da lei...
Os que o óbito levou, sem
jamais verem seus direitos contemplados
Há muito que ultrapassaram
os 2.000, outros tantos aguardam sua vez
E, nas minúcias, nos
detalhes, temos esses poucos que gozam de prazer
Ao fazer cálculos e saber
que em breve esses números subirão;
Os que ainda lutam e
acreditam que entre um, a quinze anos, a justiça se fará
presente
Apesar de corroídos de
perdas, frustrações, com a saúde a apodrecer
Diante do prefixo IN, sem
saber mais o que fazer, constatam
Estão INcorporados, a
INjustiça e a INterpretação da lei, conforme o cliente da vez!
sábado, 16 de dezembro de 2023
VIVA O DEBOCHE
15/12/2023
Sobre a Terra Brasilis, muitos dos que aqui chegaram e ficaram, não eram talhados a ferro e sim feitos de carne, ossos e coração! E assim tem sido nessa nossa ancestral tradição, uma gente sacrificada, forçada ao trabalho, a desafios inimagináveis, com inúmeras privações.
Antes, tudo pela exploração da terra e para servir ao Rei, pela ambição de enriquecer, usando o conhecimento, a tecnologia de guerra e a navegação daquela época. Pela capacidade de negociar, um comércio além-mar e escambo. Muitas conquistas vieram pela força, através do medo, pela tortura, via a escravidão, um caminho violento e pela degradação.
Mas uma compaixão foi sendo moldada, obediência obrigada e aos poucos desrespeitada, companheirismo construído pela dor comum, veia de diversidade, gerando crenças, perfis, profissões e valores. Uma nova gente surgiu. Mistura de etnias, de fé, necessidade de prosseguir, instinto de sobrevivência, catequização imposta e por toda sorte de confusão.
A violência, a perversão, a usura, a ganância, o egoísmo, a atitude para desbravar, a capacidade militar para dominar, pelo tanto de sofrimento para cada pessoa e lugar. As situações que nos moldaram, resultado de uma mistura do acaso e imposta, que se lapidou e produziu novas culturas, novas características, novos tipos, diferentes normas morais e sociais.
Um caldo cultural cuja complexidade das relações entre colonizador, povos nativos, escravos índios, africanos e de outras origens, incluindo inimigos de Portugal, deram origem ao nosso jeitinho de ser. A hierarquia da monarquia, a justiça do poder constituído, os degredados, a urgência da procriação, uma nova gente a florescer.
Assim fomos
aperfeiçoando esse novo povo que entre um “cala a boca”, um “finge que não viu”, outro “deixa pra lá”, um “não vale a pena se incomodar porque o homem pode não gostar”,
ganhamos outras formas e nosso jeito de ser. Afinal de contas, amigo é amigo
de amigo que se errado, nem sempre é tão errado assim.
Hip. Hip. Hurra! Hip. Hip. Hooray! Amém!
VIVA O DEBOCHE
Porto, 14 de abril de 2022
Celso de Lanteuil
Gooooollllllllllllll! Tempos de comemorar
Viva a estagnação. Viva o deboche!
Viva a decadência, o retrocesso
O atraso e o descaso. Hip.
Hip. Hooray!
Viva o calote. Viva a mentira oficial
Viva o crime e a anarquia. Hip. Hip. Hurra!
Viva o desamor, a violência
E a perseguição ao contribuinte…
Viva o orçamento do estado gordo que não para de nos engolir
Viva o fundo partidário e eleitoral
Que servem para não nos deixar eleger. Hip. Hip. Hurra!
Louvor aos penduricalhos
E salve nossa rica classe política. Hip. Hip. Hooray!
Aplausos para a engorda dos nossos homens públicos
Estes que nos comovem com sua fome voraz
E sede de beber a água de todo um rio
Viva o caixa dois e as rachadinhas
E o nosso jeitinho brasileiro de ser
Força para a corrupção e a improbidade administrativa
Viva a manipulação do povo. Hurra!
Vida longa ao Zé Ninguém. Hurra!
Um viva para as ideias estúpidas. Irra!
E a desumanização dos homens
Hip. Hip. Hooray! Hip. Hip. Hooray!
Viva a justiça para a turma do bem e o rigor da lei para a turma do mal
Depois me digam quem foram Pilatos e Barrabás
E onde se encaixam esse bem e esse mal?
Salve o consenso entre os extremos
Esquerda, Direita, Centrão, de braços abertos
Abraçam e se beijam para eleger o macaco Tião!
Viva o país dos iletrados e dos desequilíbrios sociais. Hurra!
Viva a miséria, o desdentado, a depressão, a opressão e a
humilhação…
Saudação à barriga que grita
E ao corpo que se arrasta
Enquanto a cabeça olha para o chão…
Hip.
Hip. Hurra!
Ovação às crianças nos sinais
Mil vivas ao salário mínimo que segue cada vez mais mínimo
Três mil vivas para a qualidade de vida nos guetos
Aplausos para as palafitas, as favelas, valas negras e lixões
Que tal rirmos um pouco de nós, os parasitas intelectuais
Celebremos as bibliotecas vazias, as escolas sem livros
A ausência de leitores e professores. Hip. Hip. Hurra!
Vamos celebrar a instabilidade nos empregos
E o trabalho informal… Irra!
Tempos de se comemorar as horas extras e as noturnas não
pagas
Saudações aos novos paradigmas
Mais medíocres e mesquinhos. “Hip. Hip. Hooray”!
Vida longa aos contratos temporários. Hurra!
Roleta russa permanente, adrenalina nas veias…
Celebração para quem foi contratado
Paga com colchão, um prato de farinha, arroz e feijão
Você que ficou de fora, não chore não
Há para quase todos, desemprego, inflação e recessão
Que vão e voltam cheias de tesão
Loucas para nos enrabar…
Neste corre-corre de milhões, fervilha um caldeirão de emoções
Um viver sem monotonia, não recomendado para quem sofre do
coração
Especiais vivas ao sistema financeiro. “Hip. Hip. Hooray”!
Que nos financia ao preço de uma vida
Que constrói, reproduz, certifica
Qualifica, distribui, disponibiliza
Que faz e desfaz com todos nós, sempre a lucrar mais e
mais
E tudo à luz do dia, neste celebrar sem fim…
Hora de saudar nossa suada democracia!
Nós, obedientes ao melhor dos governos que a mentira nos
deu
Entre mil vivas para nossa Justiça que conhece muito de leis
De direitos essenciais e seletividade, que pela fala rebuscada
Distante da tragédia humana, ignora o sofrimento que faz!
E, apesar do discurso de paz, da lisura dos ritos, da toga
impecável
Pela postura magnânima, é muitas vezes, aquela que tropeça e
faz feio
Destruindo vidas, rasgando sonhos, direitos e ideais…
Justiça precisa ao decidir, inconstante na coerência, que segue demenciada
Sem saber ao certo qual sua vocação, sua nobre missão
Nem quem é a gente que vive a sofrer…
Sobre aposentados, já foi dito e sacramentado
Não há mais o que se celebrar, estão todos a morrer!
Já viveram bastante e o estado não pode pagar
Para concluir, desejo a todos, o conforto da minha palavra
A força da minha religião para lhes trazer a verdadeira paz
O encontro com o salvador e o acesso ao paraíso
Portanto, sem deixar para amanhã, aquilo que o senhor pede
pressa
Não deixem de contribuir com a moeda que melhor lhes servir
Aceitamos dólar, euro, libra, real e yen. Facilitamos sua
bênção
Através de suaves prestações e contribuições em qualquer
cartão
Recebemos em barra de ouro que podem ser entregues em mãos
Sim, aceitamos PIX e bitcoin, com a graça do senhor
Que agradecemos por proteger nossa família e nos tirar da
prisão