Impressões, recados mal criados, desabafos, saudades soltas em palavras. Este é o meu canto que também pode ser seu. Os textos, as músicas e fotos são de autoria de Celso de Lanteuil e só poderão ser copiados e divulgados com a autorização do mesmo.
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
SORRIA
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
Vai e Vem
quinta-feira, 8 de julho de 2021
Uma temporada no inferno
Por Arthur Rimbaud (1854-1891)
Lido em Lagos, 8 de Março de 2013
Comentários sobre o livro, escrito na contracapa
Celso DL
Decididamente, encontramos nestes poemas
de Rimbaud, aquela angústia profunda de quem está afastado do mundo,
enlouquecido por tantas ilusões, aquele que nunca encontra a paz;
Tenho aqui em minhas mãos, não apenas o
resultado de um poético delírio, mas também a tradução mais pura da alma de
homens descalços e nus, violentos, amargos, traidores vis, armados até os
corações;
Aqui, neste texto realista e revelador,
temos os porcos, os devassos, as sombras de um ser que jamais chegará a
acontecer. Temos as nossas piores falhas e nossos sofridos preconceitos;
Estão todos aqui enumerados, para que
assim não possamos jamais esquecer dos tipos que somos e daquilo que
podemos ser.
segunda-feira, 14 de junho de 2021
Celso de Lanteuil
Notas após ter lido O Meu Século, de Gunter Grass
Não desistam jamais. A humanidade
vale a pena. A vida no planeta é sagrada. O que na Terra nasce é filho e como
filho tem que ser cuidado. Não esqueçam da nossa história, da caminhada que já
percorremos, dos erros do passado e do sofrimento que vivemos. Nem das piores
derrotas, dos absurdos cometidos, da nossa pior estupidez!
Lembrem-se das importantes
conquistas, dos nossos grandes inventos, daqueles melhores momentos que nos
fizeram descobrir outros valores e nos permitiram chegar até aqui, apesar dos
extremos desequilíbrios que ainda persistem e causam tanta dor.
sábado, 9 de janeiro de 2021
TELHA BOA
Celso de
Lanteuil
Rio de Janeiro, 6 de Junho de 2002
Da rua Santa Clara ao Instituto Copacabana e de
volta para casa ...
Caminhando de casa para a escola
De volta para casa, ao lado do amigo de infância
Nunca fazíamos o mesmo caminho
Havia sempre uma outra calçada, uma outra gente
Um outro humor, uma vontade diferente
Uma imaginação que acordava a gente
O caminho para a escola era longo, era perto
O tempo que levávamos até a porta do colégio era exato
O caminho era reta, era inverso, era universo
Algumas vezes quando ia-se, vinha-se
Quando voltávamos, descobríamos uma casa escondida,
escondendo pessoas
Um muro jamais ultrapassado, uma trilha para o morro,
nunca experimentada
O mesmo caminho, como se fosse outro
Até lá chegar, muitas voltas, algumas paradas
Retornávamos outras tantas vezes
Para fazer a bola rolar, encostar numa parede, nos
esconder atrás da árvore
E víamos a bola entre os carros a desaparecer e surgir
novamente
Intacta. Protegida pelos nossos anjos das ruas
Nunca mais será como antes
É o que eu sempre repito
Nunca mais será como o agora, aproveitem!
As crianças não tem pressa para chegar, nem pressa
para voltar
Moram numa casa sempre ao lado, logo ali
Os adultos querem chegar à tempo e acham tudo muito distante
Naquelas idas e vindas, o tempo avançava, parava e
recuava
Parava de andar para trás, avançava um pouco mais e
parava novamente
Assim seguíamos com ele
Todos os dias, um minuto igual a um dia
Um dia igual a uma semana
Que era igual a um mês, que era igual a um ano…
Naqueles trajetos, vi o mundo se revelar
Nas pequenas travessuras de menino, a subir um muro
Nas chapinhas para catar ou chutar, naquela velha bola
Novamente levada nos pés
Escapando e esbarrando na canela de alguém
Seguindo o seu vai e vem, insistindo em
rolar para longe
Uma chuva serve para muitas coisas
Rega a terra, plantas e árvores
Nos lembra do
cheiro da mata
Limpa o chão que pisamos, serve sobretudo para lavar
a vida
Nos dias de chuva, voltando para casa
Eu tomava o meu banho sem reclamar
Debaixo da telha, de uma daquelas casas que não
existem mais
No meio da calçada eu lavava os cabelos, deixava o
uniforme da escola molhar
A bermuda encharcada a pingar
Assim seguia para casa, sem pressa, bem devagar
Vendo os outros a correr tentando a chuva evitar
Ao entrar em casa, eu deixava marcas de água pelo chão
Agradecido por aquela telha, pelo melhor banho de então
E corria para o chuveiro evitando os gritos da minha mãe
Seguindo para um outro banho, sem a mesma graça
O tempo remove muitas impressões, detalhes que nos
fogem a lembrança
O coração a palpitar, um desafio distante de alguém
que nos está a testar e provocar
Mas o banho da telha, daquela casa que não existe
mais
Não me sai jamais da lembrança, nem a água a escorrer
A molhar meus cabelos, o rosto e meu corpo livre sem medos...
terça-feira, 13 de outubro de 2020
IT'S ANOTHER DAY
O Senhor dos Cordéis
Foto de celular, Setembro de 2012
O SENHOR DOS CORDÉIS
Inspirado pela poesia de Thomas Bakk
Celso de Lanteuil
Porto, 25 de agosto de 2020
Ele não é o senhor dos Anéis, é O Senhor dos Cordéis!
Aquele que já viu nesse mundão, uma mãe com o facão na mão
Diante dos olhinhos secos das crias
Sem saber como dividir, a gota d’água que brilhava como se oceano fosse;
Falo daquele que encontra luz, luz numa cabeça bem presa
Presa numa muralha de medos, sempre usando capuz
Indo e voltando a lugar algum, cuspindo prego, espinho
Coisa azeda, detrito de todo tipo;
Você mesmo, Senhor do Cordel, que por tantos caminhos já cruzou
E que o lugar-comum visitou, como faço eu nessa hora
Repetindo o que já foi tão repetido, dando também minhas voltas
Nesse círculo onde sempre se retorna, não importa o dia nem a hora;
Vou dizer da minha maneira, do jeito que me cabe fazer
Quando no meio de tantas vias, nos variados momentos da vida
Cercado de assombração, Belzebu, Chupa Cabra, Candirú e proteção
Vendo nascer nesse mundo tanta genialidade, progresso, maldade e farsa
Li o que esse repentista escreveu e repito que "a melhor saída para a
paz
Está sempre dentro de nós";
Segue trovador dos desertos, carregando palavras por onde passa
Entre gente que muito da vida entende, só que de um modo diferente
Pois se eles não tem chance, nem tempo para ler
Sejam as histórias das Mil e Uma Noites, os casos de Malba Tahan
As peças de Shakespeare e os pensamentos de Serapião de Tmuis
Os Poemas de Pessoa, Drummond, Brecht, Rimbaud, Neruda e muitos mais;
Essa gente tem também saber, conhecimento que entra numa cabeça quente
Pelas mãos feridas e a boca seca da sede, através dos pés descalços no chão!
E no meio de tanta confusão, pânico, pandemia, pandemônio, hemorragia
Nostalgia dos tempos que já foram bão, vou te deixar um abraço…
Abraço de um homem que gosta de beijos, que detesta inveja, desfeita
Injúria, violência, covardia, falta de opinião e desconsideração;
Aqui vai o meu agradecimento, um apanhado de ideias
Esse arrazoado de intenções, num angu de provocações
Direto para o Thomas, o Thomas Bakk, nosso atleta de ouro da imaginação
Um valente da criação, brigão genial, com palavra para qualquer posição
Representante dessa internacional riqueza regional que é o Cordel Tupiniquim
E talvez vocês cheguem a uma conclusão
Quem foi que nasceu primeiro, Bakk ou o Senhor dos Cordéis?