domingo, 22 de setembro de 2024

Elevador

 

Convite elaborado pela designer gráfico, Iandara Nery de Lanteuil

Trecho do conto Elevador, do meu livro Cabeça e Chão 

A porta se abriu. Um barulho seco acompanhou o movimento. No fundo, bem distante, ela avistou um garoto suado, vestindo camiseta regata e calção bem maior que o seu tamanho. Nas mãos, uma bola de futebol bem gasta. Seu rosto sujo tinha pressa. Na entrada, a senhora titubeou. Ficou ali parada olhando para o garoto, olhando para a enorme distância que os separava. 

 “Não sei se vou conseguir”, pensou. 

 – Vai ficar aí, dona? – perguntou o menino. 

 Ela não respondeu de imediato. Precisava de um tempo. 

Um tempo que o menino não queria ceder...

quarta-feira, 17 de julho de 2024

BARCA DO INFERNO

Em breve, Barca do Inferno! 
Estréia na próxima sexta-feira dia 20 de Julho de 2024
Cidade do Porto, à meia noite, Rio de Janeiro, às 20 horas

Esta é a homenagem do Celso DL ao pai do teatro português, Gil Vicente. Sou um brasileiro que ama Portugal, sua gente, história e cultura. Sem qualquer outra pretensão, além de homenagear este genial homem das letras, cuja ousadia, talento, capacidade de trabalho e criatividade, lhe permitiu criticar os donos do poder do início do século XVI, critica esta de tal maneira tão bem construída, que não terminou seus dias numa masmorra, degredo ou tendo ir parar numa fogueira. 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Um Cotidiano Qualquer


Um Cotidiano Qualquer

A partir do dia 29 de dezembro de 2023, às 20h do Rio de Janeiro e 23h da cidade do Porto, lanço a minha última produção musical desta temporada, encerrando a sequência de sete canções gravadas no período de um ano, cujos créditos e agradecimentos estão disponíveis na minha página no Youtube (Celso DL). Passem por lá quando puderem, mas usem um bom headset para melhor aproveitarem o som deste áudio. Se gostarem, deixem o seu like, comentem, divulguem e podem me seguir que irei gostar, e será também uma forma de estarmos mais próximos. O compositor e o time de artistas envolvidos nesta produção musical e do vídeo, agradecem. Cada um de vocês é uma boa razão para estarmos aqui, fazendo aquilo que amamos fazer. 
Celso DL

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

prefixo IN

 


Matéria disponibilizada na internet (Google), sem referência ao jornal ou revista em que foi publicada. Eu lá estive e vi com meus olhos, muitas das aeronaves que operei como comandante e copiloto. Fotos da área industrial da Varig, no aeroporto internacional (Galeão) Antônio Carlos Jobim. Rio de Janeiro, Brasil, 2006.

 

Justiça!

A prática do viver incorporou o prefixo IN

Que foi ficando, ficando, ficando 

Um IN aqui, outro IN ali e o prefixo ficou de vez; 

Como se tratasse de uma situação muito natural

Daquelas que ocorrem a qualquer época do ano

Com qualquer povo e nação, sem história e qualquer relevância 

A maior companhia aérea do Brasil foi a leilão em agosto de 2006;

Seus funcionários foram demitidos por telegrama

Colocaram a companhia no bolso de alguns

E varreram os créditos dos funcionários para debaixo dos tapetes 

 Cujas indenizações trabalhistas e previdenciárias, são ainda devidas;

Desde o início, desta "pseudo" Recuperação Judicial da Varig

 Sem se honrar as indenizações, decidido às claras, dentro dos princípios da justiça

Nos convenceram que palavras são palavras, nada mais, nada menos que palavras

Exatamente como acontece com a interpretação da lei; 

E o patrimônio da Massa Falida, mês a mês, foi sendo drenado

Sangrando ano após ano, das veias dessa gente que trabalhou e não recebeu

Enquanto para alguns, a se contar nos dedos, entre muitos milhares

Foram abençoados por Deus e pela IN, IN, INterpretação da lei...

Os que o óbito levou, sem jamais verem seus direitos contemplados

Há muito que ultrapassaram os 2.000, outros tantos aguardam sua vez

E, nas minúcias, nos detalhes, temos esses poucos que gozam de prazer 

Ao fazer cálculos e saber que em breve esses números subirão;

Os que ainda lutam e acreditam que entre um, a quinze anos, a justiça se fará presente 

 Apesar de corroídos de perdas, frustrações, com a saúde a apodrecer 

Diante do prefixo IN, sem saber mais o que fazer, constatam

Estão INcorporados, a INjustiça e a INterpretação da lei, conforme o cliente da vez!

 


sábado, 16 de dezembro de 2023

VIVA O DEBOCHE

Parte II (primeiro leia a Parte I)
Em algum lugar do Brasil, passado, presente e amanhã
15/12/2023

Sobre a Terra Brasilis, muitos dos que aqui chegaram e ficaram, não eram talhados a ferro e sim feitos de carne, ossos e coração! E assim tem sido nessa nossa ancestral tradição, uma gente sacrificada, forçada ao trabalho, a desafios inimagináveis, com inúmeras privações. 

Antes, tudo pela exploração da terra e para servir ao Rei, pela ambição de enriquecer, usando o conhecimento, a tecnologia de guerra e a navegação daquela época. Pela capacidade de negociar, um comércio além-mar e escambo. Muitas conquistas vieram pela força, através do medo, pela tortura, via a escravidão, um caminho violento e pela degradação. 

Mas uma compaixão foi sendo moldada, obediência obrigada e aos poucos desrespeitada, companheirismo construído pela dor comum, veia de diversidade, gerando crenças, perfis, profissões e valores. Uma nova gente surgiu. Mistura de etnias, de fé, necessidade de prosseguir, instinto de sobrevivência, catequização imposta e por toda sorte de confusão. 

A violência, a perversão, a usura, a ganância, o egoísmo, a atitude para desbravar, a capacidade militar para dominar, pelo tanto de sofrimento para cada pessoa e lugar. As situações que nos moldaram,  resultado de uma mistura do acaso e imposta, que se lapidou e produziu novas culturas, novas características, novos tipos, diferentes normas morais e sociais. 

Um caldo cultural cuja complexidade das relações entre colonizador, povos nativos, escravos índios, africanos e de outras origens, incluindo inimigos de Portugal, deram origem ao nosso jeitinho de ser. A hierarquia da monarquia, a justiça do poder constituído, os degredados, a urgência da procriação, uma nova gente a florescer. 

Assim fomos aperfeiçoando esse novo povo que entre um “cala a boca”, um “finge que não viu”, outro “deixa pra lá”, um “não vale a pena se incomodar porque o homem pode não gostar”, ganhamos outras formas e nosso jeito de ser. Afinal de contas, amigo é amigo de amigo que se errado, nem sempre é tão errado assim.

Hip. Hip. Hurra! Hip. Hip. Hooray! Amém!  

 
VIVA O DEBOCHE
Parte I
Em algum lugar do Brasil, passado, presente e amanhã
Porto, 14 de abril de 2022
Celso de Lanteuil

Gooooollllllllllllll! Tempos de comemorar

Viva a estagnação. Viva o deboche!

Viva a decadência, o retrocesso

O atraso e o descaso. Hip. Hip. Hooray!

Viva o calote. Viva a mentira oficial

Viva o crime e a anarquia. Hip. Hip. Hurra!

Viva o desamor, a violência

E a perseguição ao contribuinte…

 

Viva o orçamento do estado gordo que não para de nos engolir

Viva o fundo partidário e eleitoral

Que servem para não nos deixar eleger. Hip. Hip. Hurra!

Louvor aos penduricalhos

E salve nossa rica classe política. Hip. Hip. Hooray! 

Aplausos para a engorda dos nossos homens públicos

Estes que nos comovem com sua fome voraz

E sede de beber a água de todo um rio

 

Viva o caixa dois e as rachadinhas

E o nosso jeitinho brasileiro de ser

Força para a corrupção e a improbidade administrativa

Viva a manipulação do povo. Hurra!

Vida longa ao Zé Ninguém. Hurra!

Um viva para as ideias estúpidas. Irra!

E a desumanização dos homens

Hip. Hip. Hooray! Hip. Hip. Hooray!

 

Viva a justiça para a turma do bem e o rigor da lei para a turma do mal

Depois me digam quem foram Pilatos e Barrabás

E onde se encaixam esse bem e esse mal? 

Salve o consenso entre os extremos

Esquerda, Direita, Centrão, de braços abertos

Abraçam e se beijam para eleger o macaco Tião!

Viva o país dos iletrados e dos desequilíbrios sociais. Hurra!

Viva a miséria, o desdentado, a depressão, a opressão e a humilhação…

 

Saudação à barriga que grita

E ao corpo que se arrasta  

Enquanto a cabeça olha para o chão…

Hip. Hip. Hurra!

Ovação às crianças nos sinais

Mil vivas ao salário mínimo que segue cada vez mais mínimo

Três mil vivas para a qualidade de vida nos guetos

Aplausos para as palafitas, as favelas, valas negras e lixões

 

Que tal rirmos um pouco de nós, os parasitas intelectuais

Celebremos as bibliotecas vazias, as escolas sem livros

A ausência de leitores e professores. Hip. Hip. Hurra!

Vamos celebrar a instabilidade nos empregos

E o trabalho informal… Irra!

Tempos de se comemorar as horas extras e as noturnas não pagas

Saudações aos novos paradigmas

Mais medíocres e mesquinhos. “Hip. Hip. Hooray”!

 

Vida longa aos contratos temporários. Hurra!

Roleta russa permanente, adrenalina nas veias…  

Celebração para quem foi contratado  

Paga com colchão, um prato de farinha, arroz e feijão

Você que ficou de fora, não chore não

Há para quase todos, desemprego, inflação e recessão

Que vão e voltam cheias de tesão

Loucas para nos enrabar…

 

Neste corre-corre de milhões, fervilha um caldeirão de emoções

Um viver sem monotonia, não recomendado para quem sofre do coração

Especiais vivas ao sistema financeiro. “Hip. Hip. Hooray”!

Que nos financia ao preço de uma vida

Que constrói, reproduz, certifica

Qualifica, distribui, disponibiliza

Que faz e desfaz com todos nós, sempre a lucrar mais e mais

E tudo à luz do dia, neste celebrar sem fim…

 

Hora de saudar nossa suada democracia!

Nós, obedientes ao melhor dos governos que a mentira nos deu

Entre mil vivas para nossa Justiça que conhece muito de leis

De direitos essenciais e seletividade, que pela fala rebuscada

Distante da tragédia humana, ignora o sofrimento que faz!

E, apesar do discurso de paz, da lisura dos ritos, da toga impecável

Pela postura magnânima, é muitas vezes, aquela que tropeça e faz feio

Destruindo vidas, rasgando sonhos, direitos e ideais…


Justiça precisa ao decidir, inconstante na coerência, que segue demenciada

Sem saber ao certo qual sua vocação, sua nobre missão

Nem quem é a gente que vive a sofrer…

Sobre aposentados, já foi dito e sacramentado

Não há mais o que se celebrar, estão todos a morrer!

Já viveram bastante e o estado não pode pagar

Para concluir, desejo a todos, o conforto da minha palavra

A força da minha religião para lhes trazer a verdadeira paz

 

O encontro com o salvador e o acesso ao paraíso

Portanto, sem deixar para amanhã, aquilo que o senhor pede pressa

Não deixem de contribuir com a moeda que melhor lhes servir

Aceitamos dólar, euro, libra, real e yen. Facilitamos sua bênção

Através de suaves prestações e contribuições em qualquer cartão

Recebemos em barra de ouro que podem ser entregues em mãos

Sim, aceitamos PIX e bitcoin, com a graça do senhor

Que agradecemos por proteger nossa família e nos tirar da prisão

 


sábado, 4 de novembro de 2023

Hoje torcerei pelo Fluminense, um grande rival, mesmo sendo um Flamenguista raiz, desde pequeno habituado a gritar gol e celebrar vitórias pelo mais querido, e explico o porquê dessa minha decisão.

O Fluminense nunca ganhou esse título, apesar da grande história e das muitas conquistas no futebol carioca e brasileiro. O Botafogo, outro grande rival, em fase de reformulação, não celebra a conquista do Campeonato Brasileiro desde sua última conquista em 1995, apesar da sua relevância histórica e grandes feitos. Também torcerei por eles nesta final do Brasileirão. O Vasco, outro grande nome do futebol nacional e dos disputados campeonatos estaduais e da cidade, vem lutando para voltar a ser um dos quatro grandes do futebol carioca e esquecer seu passado de crises. Também torcerei para que saiam desta terrível fase.

O Boca Juniors, na outra ponta, já conquistou a taça seis vezes e pode sair daqui com o vice, pois já está bem na fotografia através das suas inúmeras conquistas, e são os Hermanos! 

O meu clube, o mais querido Flamengo, já possui três títulos e um mundial que nos enche de orgulho, além dos inúmeros recordes em vitórias que marcam a trajetória do Mengão. Até aqui são muitas alegrias e outras mais virão. 

O nosso estado e cidade maravilhosa, seguem numa batalha para resgatar a civilidade, a justiça, a fraternidade, o desenvolvimento e abraçar a paz, e a vitória do Fluminense trará protagonismo para os cariocas que estão carentes de boas notícias e motivos para celebrar a vida. 

A conquista da Libertadores irá dar visibilidade aos cariocas e também elevará a disputa saudável que todo esporte de alto rendimento precisa. Quem sabe dessa maneira, o Flamengo volte a ocupar o lugar que sempre teve no protagonismo do futebol brasileiro, que faz sua vibrante e maior torcida do planeta cantar: "Vencer, vencer, vencer, uma vez Flamengo, Flamengo até morrer."

Boa sorte irmãos tricolores e muita paz dentro e fora dos gramados 

Celso DL